No Sábado completei o superando limites e
pude sentir na pele tudo que foi dito a respeito dessa cicloviagem.
Até a largada, tudo parecia conspirar contra a viagem. Um resfriado na quinta-feira,
imprevistos de última hora que dificultaram o cumprimento do planejamento, uma noite de pouco sono (3:30h),
a descoberta às 5:30h da manhã que minha funcionária jogou fora meu Kit de identificação, e logo
na largada uma pane no cataye que me deixou sem condições de utilizar o mapa.
Como disse, parecia conspirar contra, pois depois da largada a
energia que estava presente nos próximos 100 Km era incrível. Vi muitos
colegas ficarem no caminho por pane técnica, na maioria das vezes com pneu furado,
e um colega com problema muscular. Mas, sempre que passava por essas pessoas que enfrentavam
dificuldades temporárias, presenciei a generosidade Rebas. Em todos os casos já haviam duas
ou três pessoas prestando ajuda incondicional, em uma corrente de colaboração difícil de se ver no nosso dia a dia.
Após a saída de Corumbá, Km 75, conheci o porquê do nome do evento.
Se a dor é o limite, foi só superando-a que consegui chegar em Pirenópolis.
Eram dores nos pés, nos cotovelos, nas costas, e as mãos doíam tanto que tinha
dificuldade de trocar marchas. As descidas desse trecho, que apareciam no mapa
de altimetria como um momento de descanso, se revelaram verdadeiros castigos, em particular
aquela longa cheia de valas e grandes pedras soltas, a ponto de sentir alívio quando veio a próxima subida.
Em alguns momentos achei que não teria forças para chegar ao destino. Mas aí mentalizava minha esposa e minha
filhinha de 1 ano aguardando-me na chegada, e tirava forças não sei de onde para continuar a pedalar.
A chegada não poderia ser diferente, foi emocionante. As pessoas que aguardavam
familiares e amigos aplaudindo, a medalha, os abraços, o chão. Sim, foi necessário
deitar por pelo menos 5 minutos para conseguir fazer qualquer outra coisa.
Quero deixar meu agradecimento à Coordenação do Rebas pela excepcional organização.
Não deixo de me encantar com a organização e com os valores envolvidos em todos os eventos
que organizam, desde os pedais semanais, até grandes cicloviagens como essa. Tudo estava perfeito,
os pontos de apoio, motos, carros, bombeiros, guias. Os brigadistas em pontos estratégicos que
evitaram muitos acidentes, em particular ao sinalizar veementemente sobre o perigo uma descida de
alta velocidade com profundas valas em seu trecho final. As faixas com mensagens de apoio, que misturavam estímulos com piadas,
e nos faziam sempre desejar a próxima. Além disso, a segurança envolvida no evento. Cheguei às 13:30h com o pessoal da primeira onda,
e só nesse momento fiquei sabendo de um acidente. Mas percebi que havia todo uma movimentação por telefone e rádio para prestar os primeiros socorros.
Para finalizar, também foi emocionante ver às 19:30h, depois de 12:30h de estrada, chegar provavelmente
o último grupo de viajantes. Pensei na hora: esse pessoal é muito forte. Só superando o medo, dores, cansaço,
escuridão, e seus próprios e únicos limites, para chegar até aqui. Valeu, valeu muito! Muito obrigado à coordenação do Rebas,
aos companheiros de viagem, aos que prestaram apoio, enfim, a todos que contribuíram com essa grande experiência pessoal.
Um grande abraço,
Marcelo