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Depoimentos



Autor: Arquimedes de Siracusa Santos
Data: 29Maio2008
Fonte: E-mail

Título: Superando Limites e poesia - Pedal com Letras

Êh! gente, ainda há tempo para um comentário sobre o SL-2008.

O 17 de maio foi muito bom! Ainda hoje, com saudades, lembrava a largada em Santo Antônio do Descoberto. Aquele tanto de gente, de capacetes e bikes se movendo em ondas na rodovia. Eu, parte daquela multidão; aquela multidão, parte de mim.

Lí, não sei bem onde, que bicicleta e poesia têm em comum o servirem ambos para andar sem ter os pés no chão. E parece mesmo que é assim. Tal qual os poetas, meio que loucos e sonhadores, saímos por aí em nossas bikes voando, superando limites (físicos, psicológicos e os do dia-a-dia urbano-capitalista que muito nos afasta uns dos outros, da natureza e de nós mesmos), pulando cercas, experimentando liberdade, contagiando e levando pessoas conosco... Daí o grande esforço que desafoga, alivia e nos faz sentir vivos.

Era a paisagem, a cantoria dos pássaros, o perfume do mato, das árvores e a umidade das matas, particularmente aquela depois de Corumbá... E quando passava por um córrego, pulava dentro dele (essa eu acho, vocês perderam). Alguém mais tomou banho naqueles córregos? entrei neles de roupa e tudo? E foi bom demais! Em cada mergulho, deixava a poeira e parte do cansaço. Cheguei bem mais limpo em Pirenópolis. Bem...'nem tudo são flores', a minha máquina fotográfica molhou e as fotos se foram com as águas.

E naquele sol de meio-dia, quando eram só subida, suor e lágrimas, também pedalei só. Alguns passaram e nem um alô disseram; muitos passavam, brincavam e seguiam em frente e, com outros, segui conversando, ora encontrando e desencontrando. Havia companheirismo e solidariedade. Pensei: é como uma vida; e com direito a conhecer e aprender.

Quando num estradão entre Corumbá e Pirenópolis, na 3a.onda, percebi uma cena que marcou pela beleza: estávamos em muitos e a poeira encobria o contato das bikes com a terra. Só via uma grande núvem de capacetes e corpos, num sobe e desce cadenciado e alternado entre si, que parecia voar sobre o estradão; e lá ía eu junto.

No final, aquela acolhida bacana e acalorada em Pirinópolis!

Por tudo isso, por esses momentos especiais, não podia deixar de enviar o meu AGRADECIMENTO pela companhia de todos e à Coordenação do Rebas. PARABÉNS pela idéia, pela condução do evento e pelo espírito de vocês. Assim fazemos o mundo rimar.

E por falar em poesia, no lugar das fotos que se foram, vai um poema que outro dia li e gostei:

A MINHA BICICLETA
(De Fernando Miguel Bernardes)

A minha bicicleta
só tem dois pedais
mas se monto nela
não tem dois, tem mais !

A minha bicicleta
tem um guiador
quando monto nela...
...sou aviador!

No jardim onde ando
não vejo um canteiro...
sou aviador,
vejo o mundo inteiro

Voo mesmo a sério !...

Por cima das árvores
(não toco no chão!)
voo mesmo a sério
vou de avião...

A minha bicicleta
também tem selim
mas eu nem me sento,
gosto mais assim :

Pedalo em pé
dá mais rapidez
a minha bicicleta
é o que tu vês:

É um avião,
pois eu não te digo?!

Da próxima vez...

Da próxima vez
Levo-te comigo?

Um grande abraço à todos,
ARQUIMEDES.

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