Êh! gente, ainda há tempo para um comentário sobre o SL-2008.
O 17 de maio foi muito bom! Ainda hoje, com saudades, lembrava a largada em
Santo Antônio do Descoberto. Aquele tanto de gente, de capacetes e bikes se
movendo em ondas na rodovia. Eu, parte daquela multidão; aquela multidão, parte
de mim.
Lí, não sei bem onde, que bicicleta e poesia têm em comum o servirem ambos
para andar sem ter os pés no chão. E parece mesmo que é assim. Tal qual os
poetas, meio que loucos e sonhadores, saímos por aí em nossas bikes voando,
superando limites (físicos, psicológicos e os do dia-a-dia urbano-capitalista
que muito nos afasta uns dos outros, da natureza e de nós mesmos), pulando
cercas, experimentando liberdade, contagiando e levando pessoas conosco... Daí o
grande esforço que desafoga, alivia e nos faz sentir vivos.
Era a paisagem, a cantoria dos pássaros, o perfume do mato, das árvores e a
umidade das matas, particularmente aquela depois de Corumbá... E quando passava
por um córrego, pulava dentro dele (essa eu acho, vocês perderam). Alguém mais
tomou banho naqueles córregos? entrei neles de roupa e tudo? E foi bom demais!
Em cada mergulho, deixava a poeira e parte do cansaço. Cheguei bem mais limpo em
Pirenópolis. Bem...'nem tudo são flores', a minha máquina fotográfica molhou e
as fotos se foram com as águas.
E naquele sol de meio-dia, quando eram só subida, suor e lágrimas, também
pedalei só. Alguns passaram e nem um alô disseram; muitos passavam, brincavam e
seguiam em frente e, com outros, segui conversando, ora encontrando e
desencontrando. Havia companheirismo e solidariedade. Pensei: é como uma vida; e
com direito a conhecer e aprender.
Quando num estradão entre Corumbá e Pirenópolis, na 3a.onda, percebi uma cena
que marcou pela beleza: estávamos em muitos e a poeira encobria o contato das
bikes com a terra. Só via uma grande núvem de capacetes e corpos, num sobe e
desce cadenciado e alternado entre si, que parecia voar sobre o estradão; e lá
ía eu junto.
No final, aquela acolhida bacana e acalorada em Pirinópolis!
Por tudo isso, por esses momentos especiais, não podia deixar de enviar o meu
AGRADECIMENTO pela companhia de todos e à Coordenação do Rebas. PARABÉNS pela
idéia, pela condução do evento e pelo espírito de vocês. Assim fazemos o mundo
rimar.
E por falar em poesia, no lugar das fotos que se foram, vai um poema que outro
dia li e gostei:
A MINHA BICICLETA
(De Fernando Miguel Bernardes)
A minha bicicleta
só tem dois pedais
mas se monto nela
não tem dois, tem mais !
A minha bicicleta
tem um guiador
quando monto nela...
...sou aviador!
No jardim onde ando
não vejo um canteiro...
sou aviador,
vejo o mundo inteiro
Voo mesmo a sério !...
Por cima das árvores
(não toco no chão!)
voo mesmo a sério
vou de avião...
A minha bicicleta
também tem selim
mas eu nem me sento,
gosto mais assim :
Pedalo em pé
dá mais rapidez
a minha bicicleta
é o que tu vês:
É um avião,
pois eu não te digo?!
Da próxima vez...
Da próxima vez
Levo-te comigo?
Um grande abraço à todos,
ARQUIMEDES.